Seminário / Constantin Stanislavki – A Construção da Personagem
Na introdução realizada por Joshua Logan, ela nos mostra que Stanislavski não é um método para ser copiado, e sim, ele deve ser estudado e analisado nas condições de cada País, cada cultura e esta conclusão não é dela, é do próprio Stanislavski. Ela e Charles Leatherber, dois estudantes norte-americanos que chegaram até ele através de uma bolsa de estudos do Friendship Fund, de Charles R Crane, uma organização que se iniciou com Bretaigne Windust e que tinha por objetivo reproduzir o “Teatro de Arte de Moscou”. Quando Stanislavski descobriu a intenção deles, ele disse: “Vocês devem ficar aqui para observar e não copiar. Os artistas têm de aprender a pensar e sentir por si mesmos, e a descobrir novas formas”. Ele explicou que o método que usaram em 1898, quando fundaram o “Teatro de Arte de Moscou” já havia se modificado várias vezes e que muitos dos seus alunos já haviam rompido e formaram novas Cias. Eles ficavam observando um ensaio de uma ópera, “O Galo de Ouro”, verificaram como Stansilavski executou um trabalho árduo para com que o cantor executasse o canto sem exageros de gestos, para que o cantor representasse com verdade. Depois Stanislavski explicou-lhes que a pior coisa que temos de combater nos cantores são os professores de canto que, ensinam gestos horríveis, que os cantores não podem obter um certo tom se não estiverem de pé. Durante os meses que estiveram em Moscou com Stanislavski, assistiram também à várias montagens no Teatro de Arte de Moscou. Ao despedirem- se de Stanislavski, ele lhes deu uma foto a cada um e na foto de Joshua Logan ele escreveu: “Antes ame a arte em você do que você na arte.” E vamos ao que interessa.
Capítulo I Nesta aula, Stanislavski pediu para Tórtsov, diretor da escola e teatro, algumas demonstrações de caracterizações externas. Ele explicou que sem uma forma externa de caracterização, para o público fica difícil a visualização e o traçado interior do papel que está sendo realizado. Depois de alguns exemplos de truques externos, verificamos que a sua personalidade estava oculta, mas Tórtsov não havia realizado nenhuma adaptação interior. Mas, como encontrar o truque certo? Isto é coisa que se aprende na vida, nos livros ou estudando anatomia. Tórtsov explicou que cada indivíduo desenvolve uma caracterização exterior a partir de si mesmo e de outros; tirando da vida, real ou imaginária conforme sua intuição e observando a si mesmo e aos outros, tirando-a da sua própria vida, experiência da vida ou da de seus amigos, de quadros, gravuras, desenhos, livros etc...
Capítulo II – Vestir a personagem - Esta aula tem como discussão, a descoberta do personagem pelo externo caminhando para o interno, e discute também outros detalhes. Todos foram para as salas de figurinos procurar roupas e acessórios para a mascarada que seria realizada 3 dias depois. Os outros alunos escolheram rapidamente mas, o rapaz observador não achava nada. Procurava algo atraente. Depois de algum tempo ele identificou-se com um velho fraque meio esverdeado/amarelado. Mas ele não achava uma personagem para aquela roupa de homem mofado. Ao ir para a casa, ele tentou encontrar a personagem entre fotos velhas em uma loja de artigos de Segunda mão, mas não achou nada. No dia da mascarada, ainda não havia achado o personagem. No camarim todos se preparavam na maior algazarra e isso o irritava, pois ele não conseguia concentrar-se em como seria aquele homem mofado. Já maquiado e com a roupa, ficou sozinho no camarim estava desistindo de apresentar-se ao diretor. Começou a remover a maquilagem quando surgiu com a mistura um tom esverdeado/amarelado no seu rosto. Ele espalhou mais creme pela barba e cabelo. Mudou a cartola de ângulo e entortou as pernas para dentro, de uma forma ridícula. Pegou uma bengala e também solicitou a um serventeque buscasse uma pena de pato para pôr atrás da orelha. Surgia para ele o personagem de um crítico rabugento, destes que têm prazer em achar o defeito dos outros. Kóstia se transformou neste crítico. O diretor Tórtsov viu aquela figura e começou a questioná-lo: - É você Kóstia? ele respondeu com outra voz e com um andar diferente - Sou o crítico! - Que crítico é você? perguntou Tórtsov - Da pessoa com quem vivo! - E quem é? prosseguiu Tórtsov - Kóstia. - E você entrou na pele dele? - Se entrei! - Quem deixou? - Ele. E prosseguiu. O diretor o cumprimentou pelo belíssimo trabalho. Ele voltou para casa realizadíssimo por Ter experimentado a vida de um outro ser. “Enquanto ele tomava banho, lembrou-se de que representando o papel do critico ainda assim não perdia a sensação de que era ele mesmo. Chegou a esta conclusão porque enquanto representava, sentia um prazer imenso em acompanhar a sua transformação. Era o seu próprio observador ao mesmo tempo em que a sua outra parte estava sendo uma criatura crítica, censuradora. Ele levanta uma pergunta.” Mas posso acaso afirmar que essa criatura não faz parte de mim? Derivei-a da minha própria natureza. Dividi-me, por assim dizer , em duas personalidades. Uma, permanecia ator, a outra, era um observador. Por mais estranho que pareça essa dualidade não só não impedia, mas até promovia meu trabalho criador. Estimulava-o e lhe dava ímpeto.
Capítulo III – Personagens e tipos - Neste capítulo, o diretor fez as conclusões sobre a mascarada. De como os jovens atores se prendem com a vaidade para a interpretação, isto é, não existindo a preocupação em ser um personagem diferente, mas sim em brilhar em cena e exibir seus dons de beleza. Ele também fala sobre outros tipos de atores que procuram caminhar para o campo da caracterização, porque não dotados de belezas físicas e então procuram cativar o público por outros meios. Destes tipos de atores, eles acabam seguindo por 2 caminhos e estes exemplos estiveram na mascarada. O primeiro é o dos atores que se deixam levar para a trilha falsa dos clichês e da super atuação. Um dos exemplos dados neste capítulo é como representar um camponês. Ele assoa o nariz sem lenço, anda desajeitadamente, enxuga a boca na ponta do seu gibão de pele de carneiro, etc... Todos estes clichês generalizados são tirados da vida real e transmitem um personagem, mas não são individualizados. De todos os alunos que realizaram a mascarada, somente Kóstia realizou um personagem individualizado. Kóstia explicou que não conseguia discutir com o diretor (encará-lo), como havia feito quando representava, porque na vida real ele tinha uma admiração e respeito pelo diretor. Este foi um dos fatores que mostram como ele viveu o personagem do crítico asqueroso. “Este capítulo pode ser resumido em uma frase que está nele: A Caracterização é a mascara que esconde o indivíduo-Ator. Protegido por ela, pode despir a alma até o último, o masi íntimo detalhe. Este é um importante atributo ou traço da transformação.
Capítulo IV – Tornar expressivo o corpo - Neste Capítulo, Kóstia conta sobre as pequenas tarefas de exercícios do corpo que ajudam o ator. Os exercícios físicos também ajudam no raciocínio, como o diretor explicou quando começaram a Ter aulas de cambalhota com um palhaço de circo. Esta atividade ajuda a desenvolver a qualidade da decisão. “Trecho do livro: Para um acrobata seria desastroso demais ficar devaneando logo antes de
executar um salto mortal ou qualquer outra proeza de arriscar o pescoço! Nesses momentos não há margem de indecisão. Sem parar para refletir, ele tem de entregar-se nas mãos do acaso e da sua própria habilidade. Tem de saltar, haja o que houver.” È exatamente isso que o ator tem de fazer quando chega ao ponto culminante do seu papel. Tem de agir e tem de executar o salto a todo pano. Kóstia fala
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